terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Suicídio

Me sentia confusa.
Não sabia mais no que acreditar.
Ainda assim, seguia em frente.
Não queria perder o que ainda considerava importante.
Foram muitas tentativas e muitos erros.
E eu não conseguia entender o porquê.
Quanto mais tentava consertar, mais vezes errava.
Olhei para o céu na esperança de encontrar uma resposta.
E encontrei.
Ao olhar para cima, vi pessoas ao meu redor.
Pessoas que eu conhecia, pessoas que eu considerava amigas.
Jogavam dados, riam, se divertiam.
Sem entender muito o que se passava, decidi continuar observando.
Resolvi olhar para baixo.
Embaixo de mim havia um quadrado dizendo "volte 3 casas".
Imediatamente, fui arrastada para 3 quadrados atrás.
Não conseguia me mexer nem controlar meus movimentos.
Era apenas arrastada, manipulada pelo poder daqueles dados.
Ao chegar no terceiro quadrado, fui cercada por monstros que começaram a me perseguir.
Os monstros tinham rostos conhecidos.
Eram os rostos dos jogadores.
Corriam atrás de mim, me xingavam e me jogavam pedras.
Corri o mais rápido que pude, mas eles eram muitos e muito rápidos.
Muitas delas me acertaram e me feriram.
As feridas sangravam e doíam, mas não parei de correr.
Olhei para cima mais uma vez em busca de ajuda.
As pessoas que jogavam os dados me observavam atentamente.
Riam muito de mim.
Chegavam a gargalhar cada vez que eu caía, ou quer uma pedra me acertava.
Quando finalmente cheguei ao quadrado escrito "Fim do Jogo" havia um abismo.
Foi aí que percebi que estava participando de um jogo onde eu nunca iria ganhar.
O objetivo do jogo era o meu sofrimento.
Meu coração doía.
Por que estavam fazendo aquilo comigo?
Qual era a graça em me ver sofrer?
O que eu tinha feito pra eles de mal?
Estava enganada em pensar o tempo todo que eram meus amigos?
Então decidi que não podia terminar assim.
Se eu era a protagonista do jogo, então eu devia ganhar do meu jeito.
Eu. E mais ninguém!
Com um abismo à minha frente e monstros famintos atrás de mim, não tive escolha.
Corri para o lado esquerdo e pulei do tabuleiro.
Preferia morrer a continuar participando daquele jogo maldito, dando a vitória a quem queria me ver sofrer.
E morri.

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