sexta-feira, 30 de abril de 2010

21 Guns

Sentia o vento bagunçar meus cabelos.
Ouvia música, mas não conseguia prestar muita atenção.
Tudo o que vinha na mente eram pensamentos que eu preferia ter esquecido.
E por um tempo eu esqueci.
Mas eles voltaram, e me fizeram mal.

- "Pode deixar que eu seguro agora. Está pesada."
- "Hã?!"
- "Minha mochila."
- "Ah sim!"
- "Obrigado."
- "Não foi nada."

"Não está tão pesada quanto meu coração agora, moço." foi o que pensei depois de entregar a mochila que segurava no meu colo ao dono.
Aquela antiga raiva, que ficou guardada no meu peito durante tanto tempo.
E que depois foi esquecida, não por nada, mas em respeito a uma única amizade.
Não foi nada?
Pra mim foi.
Foi mesmo, porque passou.
Mas eu não gritei.
Não esbravejei.
Não desabafei.
Não acusei ninguém, mesmo tendo todos os motivos do mundo.
Não tive ninguém para me defender, para me dizer que nada daquilo era verdade.
E lembrar do que eu senti naquele momento não me fez bem.
Por isso aquele peso.

Desci do ônibus.
Ao pisar na calçada, reconheci a introdução de "Hitchin' a Ride" tocando nos meus fones de ouvido.
Me animou.
Green Day sempre me anima.
Mas dessa vez de um jeito diferente.
Junto com o solo de guitarra e o grito do Billie, minha cabeça começou a sacudir e espantar todos os pensamentos ruins que me ocorreram anteriormente.
Acabou a música.
Em seguida, "21 Guns".
Green Day de novo.
Dessa vez, me acalmou.
Acalmou tanto que eu me senti leve.
Fechei os olhos e tudo o que eu sentia era a música, o vento gelado no meu rosto e o chão embaixo dos meus pés enquanto caminhava.
Comecei a me imaginar na platéia do show.
Billie Joe cantando, de olhos fechados, e tocando sua guitarra.
Tré Cool, lá atrás, na bateria.
E Mike Dirnt chegando perto da platéia, exibindo seu talento no baixo.
Fiquei feliz.
Quando abri os olhos, estava quase na porta de casa.
Abri o portão da garagem e senti vontade de correr.
Corri até a porta de casa.
A música acabou.
Sorri.

Ainda parece um sonho.

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