sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Cidade Maravilha, Purgatório da Beleza e do Caos

Rio de Janeiro.
Cidade bela, rica em belezas naturais e pessoas simpáticas.
Mas desde sempre com fama de violenta.
Uma fama muitas vezes injusta por parte de turistas impressionadinhos demais.
Injusta até dia 24 de novembro, última quarta-feira.
Me poupo de explicar o que está acontecendo com detalhes porque acredito que todos já saibam.
Mas não me poupo de expressar minha indignação em meio a tudo isso.
A idéia de UPP seria muito boa se tivesse começado do jeito certo.
Mas no Rio nada começa do jeito certo.
Tudo começa pela zona Sul.
Porque é da zona Sul que os turistas gostam, e é na zona Sul que mais impostos são pagos.
Mas a zona Sul não tem uma paisagem chamada Complexo do Alemão.
E terminar o programa de pacificação por essa paisagem, na minha opinião, é um erro muito do imbecil.
Porque é óbvio que deixar o maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro pra ser pacificado por último é um convite para que os marginais se concentrem lá.
Mas talvez não tenha sido bem uma imbecilidade.
Talvez seja parte de uma estratégia política que nós, leigos, não sabemos e nunca saberemos.
Tudo o que é dito a nós é: "Continuem com suas rotinas normalmente."
Mas eu pergunto ao nosso excelentíssimo senhor governador:
Como continuar com a rotina normalmente com uma guerra estourando na porta de casa?
Com ônibus, carros, motos, vans e até estações de trem sendo incendiadas o tempo inteiro?
Com bombas sendo jogadas em praças públicas e colégios federais?
Com inocentes sendo feridos e mortos nas ruas?
É muito fácil continuar a sua rotina dentro do seu carro importado blindado, onde nada o atingirá.
Eu duvido muito que o senhor conseguisse "continuar com a rotina" estando no lugar da população.
População essa que ainda confia em suas promessas, que não perde a esperança de um dia ter paz.
Porque no momento tudo o que se pode fazer é rezar e esperar, ouvindo o som dos tiros pela janela e vendo a bela paisagem da Igreja da Penha manchada por tanques de guerra.

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